terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Fantástico Mundo - Acordando em Águas Misteriosas

    Tudo parecia estar pela primeira vez em paz. Não havia nada com o que se preocupar, na verdade não havia nada. Apenas o vazio, e por mais que isso possa assustar algumas pessoas, aquilo me acalmava. Como se pudesse vagar pelo vazio por eras enquanto pensava na simples inexistência das coisas ou se um dia elas iriam existir, e se já existiram, por que é que deixaram de existir. Nada além da minha própria consciência. Poderia viver daquela forma eternamente, se é que viver é a palavra certa. Mas nada que é bom dura eternamente e aquilo tudo logo seria interrompido.
    Parecia que água estava percorrendo por meu rosto, o que não fazia sentido, pois até tempo atrás não existia nada, como poderia eu ter um rosto? Como poderia existir água? E aquilo percorrendo por meus cabelos? Seria aquilo o vento? Nada mais fazia sentido naquele lugar, até que meus olhos se abriram. Perdi a noção de quanto tempo levei até que pudesse enxergar qualquer coisa pela frente nitidamente. Parecia um rio, mas por algum motivo eu não estava afundando nele. Por que é que eu não afundava? Olhei por todas as partes em busca de uma resposta e lá estava. Bem debaixo do meu nariz, literalmente. Aquilo parecia um deck de madeira. Mas algo não estava certo. Pelo que sabia ele deveria estar preso em algo e não a deriva em um rio qualquer.
    Mais uma vez o tempo passou e ali eu presenciei pela primeira vez em muito tempo o nascer do dia e o por do sol. Quantos eu assisti até que encontrasse algo mais que apenas uma vastidão azul pela frente, eu já havia perdido a conta.
    Todos os dias eram nas estrelas que eu me encontrava o mais próximo de toda aquela paz que um dia tive o prazer de viver antes de despertar lá, onde quer que fosse. Era nas estrelas que me perdia em meus pensamentos sobre a minha simples existência e como se nada mais existisse. Elas seguiam por todos os lugares, meu corpo não mais existia e novamente seguia em consciência ao longo de todas elas até que num único segundo todas elas não mais existiam e se escondiam até que o sol mais uma vez ofuscasse a existência de todas elas.
    Naquele último dia em especial, algo havia de diferente. E junto com o sol, lá no horizonte surgiu um pouco de terra, que quanto mais se aproximava, maior parecia.

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